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egg_power

De: Lisboa
1/21/2009 2:24:47 PM
[entrevista] À conversa com...Pedro Cavaleiro




Quais são os teus principais objectivos para 2009?

O meu principal objectivo para 2009 não tem a ver com o Magic, mas com a escola. É o último ano em que sou “oficialmente” estudante, de maneira que se trata de um ano que vai trazer grandes mudanças se correr como previsto.
Em relação ao Magic, a minha disponibilidade financeira para andar por GPs na Europa já foi maior e estes são cada vez mais complicados e os PTs cada vez menos. Aqui, passa muito por me qualificar para o maior número de PTs que conseguir e fazer melhor do que fiz naqueles a que já fui, principalmente em Genebra, onde acho que me correu bastante mal. Para os nacionais, o objectivo passa por lutar por ser campeão nacional, acho que é para isso que todos os jogadores mais sérios jogam o campeonato nacional, mas um lugar na equipa nacional já me faria bastante contente.



De que forma um jogador random que se qualifica para um torneio internacional poderá mudar a sua filosofia em termos de playtesting e análise do metagame de modo a obter um bom desempenho no torneio?

De forma resumida, o importante é ter um bom grupo de testing e não desanimar se o torneio para o qual se apuraram vos correr mal.

De forma menos resumida:

O mais importante é arranjar um bom grupo de testing. Jogadores que treinam sozinhos ou via online, na Magic League ou MTGO, sem o suporte de um grupo por trás estão em desvantagem. Quando queres estar no topo e sempre à frente de quem tens do outro lado da mesa, tens de evoluir todos os dias, tens de jogar todos os dias e mudar qualquer coisa todos os dias. Fazer isso sozinho é bastante complicado, para não dizer impossível. Embora não seja (ainda) de nível internacional, dou o exemplo do Guilherme Alexandrino aka TugaChampion. Sempre foi bastante activo na MagicLeague mas só começou a fazer top8s consistentemente nos PTQs quando começou a jogar mais com o grupo do Porto. Infelizmente, em Portugal, os únicos grupos que funcionam verdadeiramente como tal são todos da zona de Lisboa, por isso para aqueles que não são dessa zona pode tornar-se um pouco complicado. Já vi muita gente até com algum valor ganhar PTQs ou slots na equipa nacional, não se preparar minimamente, não tentar sequer integrarem-se num grupo (e eu sei que, por vezes, não é fácil, têm vergonha de falar directamente com os “pros” ou que lhe chamem “noobs” ou “barns”) e depois vão ao PT fazer 0-4 ou 1-5 e nunca mais se ouve falar deles. Eu tive a sorte de ter o André Coimbra do meu lado enquanto ele foi mais activo no Magic e acreditem que me abriu muitas portas.
Alguns conselhos:

Joguem bastante com jogadores melhores. Apesar de também se aprender com jogadores piores, aprende-se mais com os melhores, especialmente se estes estiverem dispostos a explicar e a discutir jogadas. Aconteceu-me inúmeras vezes estar a jogar com o Hugo Sá quando ele jogava mais a sério ou com o André Coimbra e estarmos os 2 a jogar o mesmo jogo a discutir jogada a jogada. As pessoas do outro lado é que não achavam muita piada, mas ainda hoje estou convicto de que o deck que tínhamos para os nacionais, por exemplo, era de longe o melhor.
Não desanimem se o primeiro torneio grande para o qual se qualificam correr mal. Aliás, é bastante provável que assim seja. O importante é aprender alguma coisa, seja quando se perde, seja quando se ganha.
Embora isto seja para um nível mais avançado, não desanimem se não vos derem crédito por algo que foram vocês a fazer ou para o qual vocês contribuiram. Isto funciona exactamente como uma empresa. Dentro dum grupo de testing, existe também uma hierarquia, especialmente quando vocês são os novos que acabaram de entrar ou “estão só a testar connosco para o torneio X”. O que tem isto a ver com a pergunta? Muito. Fundamentalmente, porque não convem terem medo de participar no grupo activamente por causa disto. Afinal, os beneficiados são todos.

Quanto à análise do metagame, é sempre muito complicada de fazer e, para um torneio grande como um GP ou um PT é sempre uma jogada no escuro. Consegue sempre fazer-se +- uma ideia do que o grupo X ou Y vai jogar, mas quase nunca se consegue ter a ideia absoluta do que se vai passar.





De uma forma geral, como avalias a qualidade do magic e dos seus jogadores em Portugal?

Portugal tem uma comunidade estranha. Os PTQs em geral são complicados de ganhar, embora não sejam muito complicados de fazer top8. No entanto, quando comparados com os espanhóis, por exemplo, são maiores e muito mais complicados, tirando Madrid e Barcelona, claro. Da última vez que fomos a Espanha, metemos 4 no top9 e fomos 8, 3 no top4 e obviamente nenhum deles ganhou. A forma como vejo a comunidade portuguesa de Magic é a seguinte:
Os top 5 jogadores são de nível mundial.
Os top 20-30 jogadores são de bastante bom nível.
Os jogadores médios, a seguir a esses, são de nível fraco quando comparado com o nível médio de um PTQ estrangeiro. Ou seja, há um gap bastante acentuado entre os top 20-30 e o resto dos jogadores portugueses. Por isso, geralmente consegue adivinhar-se 6 ou 7 slots de um top8 a partir dum grupo de 10-15 jogadores num PTQ. Isto tem a ver com o que eu referi dos grupos de testing. Estes jogadores são os que têm os seus processos de testing mais organizados.
Os jogadores fracos, embora fracos, são menos maus do que noutros países.


Em que sentido poderá melhorar esse aspecto?

Este aspecto só irá mudar com a vontade dos jogadores em melhorar. Acho que passa por uma maior abertura das pessoas em falarem umas com as outras e em formarem os grupos de que já falei.

Jogador mais influente para ti no magic?

A nível internacional, porque comecei a jogar quando ele estava no auge e, apesar de o ter conhecido pessoalmente e ele ser um completo idiota, ele era realmente bom, principalmente na teoria do jogo, seria o Zvi Mowshowitz.
A nível interno, o Márcio Carvalho e o Tiago Chan são, para mim, de longe os 2 melhores de sempre e devem ser vistos assim por todos os jogadores portugueses, embora, sem desprimor nenhum para o Tiago, eu ache que o Márcio é melhor.
No entanto, por tudo o que lhes devo no Magic e não só, os 2 jogadores mais influentes para mim no Magic são o André Coimbra e o meu irmão, João Cavaleiro, principalmente porque, em momentos diferentes, foram eles que me fizeram continuar a jogar.



Jogador mais underrated português?

O Tiago “Tigas” Gonçalves disse para eu dizer que era eu, mas eu, sinceramente, não ache que seja underrated.
Acho que o jogador mais underrated por acaso vive aqui em casa, mas agora também joga pouco e é o meu irmão, mas é possível que seja o Guilherme Alexandrino.



Jogador mais overrated português?

Filipe Constâncio (desculpa Fifi).

Os cinco melhores jogadores portugueses de sempre?

Acho que os 4 melhores são óbvios: Márcio Carvalho, Tiago Chan, Frederico Bastos e André Coimbra.
Para o último lugar, as coisas são um bocado complicadas, mas lembro-me de estar a ter esta conversa com o Márcio, o Daniel Moura, os Fredericos Costa e Bastos (desculpa, se eras tu Nuno) e não se chegou a nenhuma conclusão. Existem muitos possíveis candidatos.



Quais os 5 jogadores com maior evolução nos últimos anos?

Daniel Moura e Filipe Constâncio (embora sejam os 2 um pouco overrated)
Virgílio Santos, ainda hoje underrated
Tiago Gonçalves e Guilherme Alexandrino



Na tua opinião, o metagame dos worlds foi o esperado?
Em linhas gerais, sim.
Em T2, 5c control seria o melhor deck se não houvessem tantas fadas mas fadas era o melhor deck. Ou melhor, fadas tem jogos em que simplesmente ganha com Bitterblossom ou Jace enquanto 5c control tem que lutar todos os jogos. Por outro lado, esperava mais de BW tokens. Os resultados não foram os esperados e acho que o deck como um todo foi um fracasso, considerando toda a expectativa que gerou pré-Worlds. De resto, pareceu-me tudo bastante normal. Poderíamos ter tido mais um japonês campeão do mundo se a bracket do top8 tivesse saído trocada, mas o Blightning Red apanhou os 3/4 Pancake Flippers e não teve grandes hipóteses.
Em Extended, embora estivesse à espera que aparecesse um deck realmente novo, acaba por se entender que não. A maioria dos jogadores que vão aos Worlds acabam por escolher um deck para Extended consoante o resultado que já fizeram nos outros formatos e acabam por não se preparar especificamente para Extended.


Em relação à próxima season de Extended, qual será a melhor opção de deck?
Sinceramente, não faço a mais pequena ideia. Todos os decks são pelo menos “bons” de maneira que vai depender bastante do metagame e do que cada um se sentir mais confortável a jogar.

Com o vislumbrar de algumas cartas de Conflux, que opinião tens sobre esta edição e o impacto que terá no jogo?

Para já não tem nada de espectacular ou completamente overpowered, mas tem 2 ou 3 cartas, nomeadamente Might of Alara que vai acelerar Zoo em extended, pelo menos 1 turno, e Volcanic Fallout.


Alguns conselhos que queiras deixar à comunidade...

Acho que já disse tudo. Se quiserem, estou ao dispor.

Alterado a 21-01-2009 14:25:14 por egg_power
Não há respostas seja o primeiro...
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