Hoje não vos trago Dicas Solenes, mas sim um artigo de opinião. Em relação às recentes discussões que presenciámos nos comentários da Entrevista ao Pedro Cavaleiro, nomeadamente em relação às equipas, decidi escrever este artigo sobre o factor mais importante da nossa existência como Humanos.
Hoje não vos vou falar de decks, ou de arbitragem nem tão pouco me vou cingir ao Magic. Hoje vou tocar num assunto Universal e que, por o ser, tem também a sua aplicação neste jogo que todos adoramos. Hoje vou falar de respeito.
Eu sou apologista de que a origem de todo o mal do mundo é a falta de respeito. Por falta de respeito pelos pensamentos dos outros, travam-se guerras, matam-se pessoas; por falta de respeito pela vida alheia deixam-se civilizações morrer á fome e destroem-se vidas por meia dúzia de trocos; por falta de respeito pelos animais que nos rodeiam, levamos espécies á extinção e destruímos habitats sem piedade.
Provavelmente (e porque também a maior parte das pessoas que está a ler este artigo não respeita nada nem ninguém) estes assuntos não vos interessam, mas a questão é que esta falta geral de respeito é tão presente no Magic como em qualquer outro aspecto da nossa humanidade. A verdade é que no Magic Português há uma enorme falta de respeito da parte dos jogadores. Não estou a falar pessoalmente, pois até acho que, como árbitro, sou muito respeitado e não tenho razões de queixa, mas a comunidade de Magic é cruel para 2 tipos de jogadores: os novatos e os jogadores maus.
Eu considero-me um jogador acima da média e, se bem que não tenho grandes resultados, tenho a noção de que sou melhor jogador do que grande parte das pessoas com quem me cruzo, mas será que isso me dá o direito de ser arrogante? Que direito tenho eu, que procuro on-line por estratégias e ideias de decks para jogar torneios, de maldizer alguém que decide tomar esse esforço nas suas mãos e construir o seu próprio deck? É claro que dessa maneira esse jogador está a comprometer as suas hipóteses de ganhar, mas quem me diz que esse é o seu principal objectivo? Porque é que a mente humana acha sempre que quem não partilha as nossas convicções está errado? A verdade é que num jogo com um adversário com um deck de sua autoria, eu estou a jogar em equipa com o resto do mundo contra uma pessoa. É claro que ele vai perder, mas será que o esforço dele vale menos que o meu? Será que ele é menos jogador de Magic do que eu?
O ser humano, ao criar Deuses á sua imagem, criou também a noção de que pode julgar os outros, mas não é verdade. Quem somos nós para julgar a motivação de outra pessoa ou as suas opiniões? Vivemos num país livre. Se um jogador quer jogar com um deck mau e se se sente bem assim, não o deveríamos apoiar em vez de fazer pouco dele? Meus amigos, nós passamos horas infindáveis a brincar com bocados de cartão com bonecos desenhados. Que moral temos para julgar quem quer que seja?
Assim, chego á conclusão deste artigo, na qual queria fazer 2 pedidos:
1) Queria pedir aos bons jogadores para não alienarem os maus. Eles podem não jogar tão bem como outros, mas continuam a ser pessoas e, como tal, merecem o nosso respeito. Além disso, o facto de uma pessoa não jogar bem Magic não diz nada em relação ao se carácter. Está na altura de pararmos de alienar jogadores só porque não estão ao Mais alto nível português (e diga-se de passagem que, tirando 3 ou 4 jogadores, o nível português nem é grande coisa). Somos um país pequeno e se nos juntarmos num objectivo comum, conseguiremos todos melhorar o nosso jogo e ajudar os outros a melhorar também. Por isso, peço-vos, da próxima vez que virem um jogador a jogar com um deck mau, em vez de o ridicularizarem, porque não lhe tentam explicar os erros do deck e o que podem fazer para o melhorar? O segredo está na crítica construtiva, coisa que no Magic português é muito rara.
2) Queria também pedir aos jogadores mais inexperientes que não se deixem acanhar pelo sucesso de outros. Jogadores como o Márcio Carvalho, Tiago Fonseca, Igor Barreiras e muitos outros, não deixam de ser pessoas tal e qual todos nós. Às vezes noto, nos jogadores mais novatos, um certo medo de abordar estes jogadores, de pedir opiniões, conselhos ou seja o que for. Embora o Márcio tenha uma capacidade incrível para o Magic, não deixa de ser um ser humano. Tem virtudes e defeitos como todos nós. Não tenham medo de falar com outros jogadores, de perguntar, de ouvir. Afinal, é com jogadores melhores que nós que melhoramos o nosso nível de jogo.
Bem, e com esta ideia me vou. Infelizmente acho que este artigo não vai ter grande impacto porque ninguém lhe vai dar muita atenção, mas achei por bem escrevê-lo e fazer a minha parte. No que me toca (e mesmo não sendo um jogador brilhante) estou disponível para ajudar quem precisar.
Fiquem bem.