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UtilizadorResposta

egg_power

De: Lisboa
12/5/2008 7:07:35 PM
[Artigo] Legacy- A vertente "low budget" por flavioalves
Para minha surpresa o Pedro Carvalho convidou-me para fazer um artigo sobre um formato que, até há pouco tempo, era o “patinho feio” do MtG em Portugal… Legacy.
Como eu até simpatizo com o rapaz, inicialmente passou-me pela cabeça declinar o amável convite, para lhe poupar o desgaste de tão fraca ideia, ainda para mais agora, que é o novo editor.

Mas depois ponderei muito bem a situação (durante uns longos 2 minutos) e apercebi-me de duas coisas:
1º - Poucos me conhecem… não posso enterrar-me muito mais. E os que já me conhecem não vão dizer nada porque não vão querer ser associados a mim. (Neon… não te preocupes, para todos os efeitos eu confirmo que não te conheço.)
2º - É uma excelente oportunidade de falar de um formato que durante anos foi menosprezado e que apenas recentemente começou a ter alguma atenção por parte dos jogadores Portugueses, porque finalmente entrou no circuito Grand Prix / Pro Tour.

Por tudo isso achei que era uma boa hora de meter mãos à obra (por assim dizer).

Para os que não me conhecem, Legacy é o meu formato oficial preferido.

Porquê?

Bem, a verdade é que apesar de o meu registo em Magic competitivo ser, na melhor das hipóteses, muito fraquinho, eu jogo Magic desde 1997. Para alguns isso não quer dizer grande coisa, para outros significa que jogo desde que vocês têm 7 ou 8 anos! Logo, comecei a jogar com cartas que hoje em dia não posso usar em mais nenhum formato que não Legacy (ou Vintage).
Para o meu fraco registo oficial durante estes onze anos eu poderia arranjar muitas desculpas! Mas não o vou fazer. A verdade é que posso resumir quase tudo a pouca disponibilidade (financeira e de agenda) para me manter em competição (lembro-me de alguém que neste momento está a dizer “Este gajo não joga nada e está para aqui com desculpas esfarrapadas!”… e acho que já falei nele antes!).

Actualmente Legacy tem muita atenção por parte de deck builders conceituados (confrontados com a necessidade de terem que ultrapassar uma etapa de Legacy nos Words) e de várias equipas de países como EUA onde a comunidade de Legacy (e Vintage) é muito grande. Mas a verdade é que em 2005, por altura do primeiro Legacy Championship, Legacy era um formato pouco (ou nada) familiar aos Pro-players e onde todos os aspirantes a deck builder tinham a sua palavra a dizer. Aqueles que descobriam Legacy encontravam um formato onde as possibilidades eram gigantescas, todo o tipo de decks era (e é) viável e grande parte das cartas que levaram muitos jogadores a jogar Magic the Gathering há vários anos atrás e que ainda ocupam um lugar especial nas nossas memórias ainda podem ser usadas.

Actualmente quem quiser tirar uma lista de um deck de Legacy da Internet pode ir a qualquer site da especialidade e fazer print. Não é segredo nenhum para ninguém que a probabilidade de ganhar aumenta exponencialmente com um deck que já tenha sido testado por outros e que já tenha provas dadas em como pode apresentar resultados. Isto é especialmente verdade para jogadores com pouca disponibilidade para testar decks e analisar meta-games ou para aqueles que devido às menores qualidades de jogo dependem mais do que os outros da qualidade do seu deck.
Por isso, ao contrário daquilo que eu inicialmente tinha previsto para este artigo de estreia (considerando que se aproximam alguns torneios de Legacy a nível nacional e internacional) eu não vou fazer nenhuma análise do meta-game ou break-down de TierOnes do formato actual. Isso vocês pode encontrar em qualquer artigo na Internet e por isso pode ficar para fazer em outra altura.

Escrevo hoje sobre algo que pode fazer mudar de ideias alguns aí sentados, que já tendo muito dinheiro investido em decks de Standard e Extended estão renitentes em abordar outro formato do qual têm pouco ou nenhum conhecimento e pelo que ouviram falar tem cartas a custar 70, 80, ou até mesmo 100 euros. Escrevo para abordar um aspecto que é muitas vezes esquecido pela generalidade da comunidade de Magic de competição e que foi o que, durante anos, me manteve a jogar sem sequer sentir nenhuma grande necessidade de investir na vertente competitiva/oficial de MtG… os decks de baixo orçamento/elevada criatividade em Legacy.
Não vou mentir… se querem ganhar regularmente, em Legacy como em qualquer outro formato, vão ter que investir… muito. Mas aquilo que faz com que Legacy seja um formato difícil de”estudar” é também aquilo que o torna tão atractivo… há, literalmente, milhares de opções!
Com uma base de cartas tão grande encontrar as cartas que mais nos agradam e que entram nas nossas (por vezes poucas) possibilidades financeiras não é uma missão impossível.

Para dar um exemplo… no 1º torneio (não oficial) que ganhei em Legacy esta foi a lista que eu usei:



Como podem ver esta lista tem muitas semelhanças com as listas iniciais de Threshold Ugw em Legacy. Tem a base de criaturas de Nimble Mongoose, Werebear e Mystic Enforcer características dessas primeiras listas e o mesmo sistema de compra de Brainstorm e Serum Visions.
Qual é então a novidade? Já reparam, é claro, que o deck não tem Force of Will, Meddling Mage, Tundra nem Tropical Island, tudo cartas que na altura estavam na base da lista Ugw. Devem ter pensado que era só um bom deck, sem as boas cartas (logo um mau deck) e que só ganhou porque os outros decks também eram muito maus!
Bem… sim à primeira, não há segunda. A lista é, se analisarmos apenas o nível de poder de cada uma das cartas, mais fraca do que as listas com as “Duals” de Revised e com Force of Will… mas nesse torneio (pequeno é verdade, apenas 12 pessoas) estava uma lista de Threshold Ugw com todas essas cartas, um deck de Goblins (que dominavam o formato na altura) que de “low-budget” não tinha nada, um Affinity (com Disciple of the Vault… para fazer inveja aos jogadores de Extended), Mono-Black Suicide, três decks Mono-Red que estariam algures entre o tradicional Slight e o Burn puro, um Gruul nada “low-budget”( com cartas como Taiga, Grim Lavamancer e Umezawa’s Jitte que na altura estava perto dos 18 euros, se bem me lembro) e uma lista que fazia lembrar muito aquilo que hoje é a base do Dragon Stompy que insistia em consistentemente baixar Slith Firewalker ao primeiro turno, Arc-Slogger ao segundo turno e Wasteland, ou Molten Rain, ou mesmo Ruination ao terceiro!
A verdade é que eu não tinha as cartas mais caras para usar, se não tinha-as usado! Mas não tendo Duals nem Force of Will (estas tinha, mas estavam emprestadas e ainda não tinham sido devolvidas, o que vai dar ao mesmo) pensei na melhor maneira de me adaptar ao que eu estava á espera de encontrar sem ter que gastar mais dinheiro para o fazer.
Eu estava a contar que pelo menos 40% dos decks fossem Mono-Red ou Red-Green. Nessa altura, como hoje em dia, é algo que podemos presumir facilmente em Legacy. Se forem para uma competição com Legacy contem sempre que uma parte substancial dos deck vão ser Mono-Red ou ter vermelho como base… a quantidade e qualidade (e preço) das cartas de dano directo disponíveis (Lightning Bolt, Chain Lightning, Incinerate, Fireblast, Price of Progress, etc.) são demasiado aliciantes para que não hajam muitos a optar por esse tipo de estratégia.
Por esse facto eu decidi que valia a pena usar alguns “slots” abertos na lista para incluir algo directamente direccionado para Mono-Red e outros que tais. A minha primeira inclusão foi Worship. Com Nimble Mongoose na mesa mono-red, pura e simplesmente, não tem nenhuma possibilidade de ganhar só com main-board. Para potenciar este efeito decidi optar por algo que alguns jogadores começaram a fazer por essa altura e incluí Galina’s Knight em main-board no lugar que era dos Meddling Mage. Esta decisão acabou por ser, provavelmente, a melhor que fiz nesse dia porque Galina’s Knight passou a tarde com um sinal de STOP na mão a olhar para vários Kird Ape, Slith Firewalker, Grim Lavamancer, Goblin Lackey e afins que pacientemente esperavam no outro lado da mesa por uma qualquer solução que nunca mais apareceu.
Para o lugar das Force of Will meti Wild Mongrel. Esta acabou por ser uma escolha natural para mim. Treashold joga com as contra-mágicas com que joga por causa da sua característica de poderem ser jogadas sem uso de mana, logo não me pareceu nada apelativo ter que deixar terrenos desvirados para usar Counterspell ou Mana Leak (os substitutos mais óbvios em troca directa de contra-magicas) e perder capacidade de começar imediatamente a fazer Serum Visions ou a baixar Werebears. Confrontado com este problema lembrei-me das palavras do meu bom amigo Ricardo Guimarães (grande abraço Billy) e resolvi fazer o que ele tanto gostava de me dizer… “Em caso de duvida… vai para a “pinhoca”! É porrada para cima!” Ora qual era (até ao aparecimento do Tarmogoyf) a melhor criatura de custo dois que se podia pedir ao Pai Natal para este fim tão louvável… precisamente o Wild Mongrel. Impressionante como de um momento para o outro os nossos bichinhos pequeninos ficam bem grandes quando temos “o cachorro” na mesa!
O Side-Board foi feito para complementar o jogo contra Red-Aggro, ter alguma hipótese contra Affinity, ajudar um pouco contra Mono-Blue e fazer ligeiros acertos circunstanciais noutros mach-ups. Admito já que não esperava por outro Treashold por isso cometi a falha de não ter uma única Tormod’s Crypt! Ainda bem que a lista “boa” não conseguia (ao contrário de mim) lidar com Goblins sem o top-deck da Tivadar’s Crusade e por isso nunca cheguei a apanhá-la.

Tal como eu fiz neste caso, é muito simples para qualquer um que queira tentar jogar Legacy fazer um deck competitivo sem precisar de vender as jóias da mãe. Vai ter que ter em conta que algumas cartas são caras por uma boa razão, elas não estão nas listas de decks em Top8 por acaso! Mas nem todos necessitam de ter o playset de Tundras e de Force of Will! Nem sempre o jogador que ganha é o que tem 600 euros em terrenos no deck!
Acima de tudo a palavra de ordem em Legacy é imaginação. Nunca partam do principio que aquela carta que vocês tanto gostam ou aquela ideia para deck original que gostavam de montar não pode ser competitiva! Com uma base tão grande quase tudo é possível! O importante é que ainda não tenham perdido a vontade de se divertirem com MtG. Lembro-me que uma certa pessoa que vai este ano ao Mundial espancou violentamente algumas pessoas em torneios casuais de Legacy com um deck BW (imagine-se) de Zombies! Claro que para preservar a integridade moral dessa pessoa eu não vou referir nomes (não te preocupes Dinis, ninguém vai saber).

Vou então deixar apenas alguns exemplos que provavelmente alguns de vocês ainda não tinham considerado e que podem aproveitar para desenvolverem alguns decks inventados por vocês, por preços razoáveis e quem sabe se não começam a ganhar já este fim-de-semana com o gozo adicional de poderem dizer quando vos perguntarem onde arranjaram uma lista tão boa: “Fui eu que a fiz.”

SHOW AND TELL & DARKSTEEL COLOSSUS = A minha educação não me permite dizer aqui. Mas dizem que dói um bocado!



+



=



Se o vosso oponente tiver o mau feitio de meter Humility é porque não tem sentido de humor e vocês têm autorização formal para não gostarem dele e jogarem Echoing Truth com um leve sorriso sádico!

ALUREN, MAN-O’-WAR & BRAIN FREEZE



+



+



Digam lá que não é engraçado!? E nem precisa de 10/12 duals para funcionar… ilhas e florestas chega muito bem! (Vá lá… umas painzitas dão jeito… pelo menos isso, que está baratinho!)

MIND OVER MATTER, QUICKSILVER DAGGER & “RANDOM” CRIATURA!



+



+

CRIATURA ALEATÓRIA

Tal como disse estes são apenas alguns exemplos de como a gigantesca variedade ao dispor dos jogadores em Legacy permite bem mais do que aquilo que se vê nas listas de Top8 da Internet e que mostram que não é preciso gastar muito para se ter decks divertidos, com combos poderosas e que com um pouco de ajuda do factor surpresa e de muita criatividade podem fazer com que o próximo torneio de Legacy na vossa loja preferida tenha o vosso nome no primeiro lugar.

Espero que todos (sejam mais ou menos “prós” ) tenham ficado com curiosidade de jogar Legacy, não porque é o formato daquele torneio importante e têm mesmo que o jogar, mas porque é divertido e permite uma maior dose de criatividade que os outros formatos de Constructed.

Espero também que tenham gostado deste primeiro artigo, eu sei que gostei de o fazer, agradeço ao Pedro por me ter dado esta oportunidade e se for essa a vossa vontade terei todo o gosto em repetir a experiência.
Até lá espero pelo vosso feedback.
Cumprimentos a todos.


P.S.- Parabéns e boa sorte aos jogadores Portugueses que vão estar presentes nos Worlds 2008.

P.P.S.- Um abraço ao Paulo Carvalho e ao Dinis Binnema, que foram mencionados sem terem culpa nenhuma e de vez em quando lá têm que me aturar e ao Ricardo Guimarães (Billy, já voltavas a jogar pá!) que já cá faz falta

gil_ferro


De: Maia
12/5/2008 10:00:11 PM
MUITO BOM!!!!
Finalmente um artigo com uma GRANDE quantidade de texto que me deixou colado a lê-lo do inicio ao fim!!!
Legacy, esse grandioso formato ao qual eu ando a tentar impingir ao meu grupo de jogo habitual...
Artigo Excelente, muito bem escrito e que aborda o tema de uma visão completamente diferente da normal...

PARABÈNS!!! Continua... Fico á espera para ver mais!!!

u?


De: pois do adeus
12/5/2008 8:35:31 PM
...
muito bom, sim senhor.

SNight

De: Queluz
12/5/2008 7:39:40 PM
re:
Boas,

Grande Artigo! Parabéns!

Sem duvida o formato que irá manter-me no activo!

Cump,

SNight
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