Hoje de manhã decidi que queria fazer um artigo sobre o meu PTQ em Almada. Não sou muito gajo para fazer reports, já que tenho a memória de um peixinho dourado ressacado de uma overdose de MD, por isso achei que seria melhor falar do deck e da preparação para o PTQ em geral.
No PTQ da Costa da Caparica fui jogar de UW Lark onde fiz um fantástico 1-2 em que só não perdi para o Vasco porque o meu deck decidiu que não gostava dele. Não percebi, porque o Vasco até é um gajo porreiro, mas parece que o UW Lark simpatiza mais com crianças que não sabem sequer jogar e com o Manzano (as minhas duas derrotas nesse evento). Fiquei um pouco chateado... Se era para ficar 1-2 preferia ter ficado 0-2 e pelo menos dar um bom começo ao Vasco, mas pronto, na altura não sabia.
Tenho que pedir desculpa ao Vasco por ter ganho essa ronda (foi uma sucessão lendária de top decks em que ambos ficámos com a sensação de eu deveria ter perdido) e digo desde já que os Larks foram fortemente fustigados após o torneio pelo seu comportamento.
Continuando, sai desse evento a saber que não queria jogar de Lark e sem saber muito bem que deck iria usar em Almada. O primeiro instinto que tive foi montar uma lista de Martyr e começar a jogar com o deck. É de longe o meu deck favorito em Extended e tenho alguma experiência com o deck por isso achei que seria uma escolha acertada.
Neste momento, entra em cena o Rusty (mais conhecido pelo seu nome cristão de Tiago Fonseca), que fez o favor de me espancar violentamente com o seu Thopter Depths independentemente da lista de Martyr que eu lhe apresentasse (e para quem pensa que Martyr pode ganhar a Depths, experimentem por um jogador a sério a pilotar o deck nesse matchup em vez do vosso Tio-Avô Tetraplégico e depois digam-me como correu).
Fiz para cima de uma dúzia de listas diferentes de Martyr e o resultado era sempre o mesmo: Ganho a Zoo, sim senhor, mas contra Depths ficava sempre com a sensação que o Tiago podia ir beber um café e o deck, sozinho, continuaria a espancar-me como se não houvesse amanhã.
Deparado com esta evidência, decidi que não iria jogar de Martyr e comecei á procura de outros decks.A verdade é que não encontrei nenhum deck que gostasse e comecei a desesperar.
Na 5ªfeira antes do PTQ decidi ir jogar para a Moita com o pessoal (até meti férias e tudo para ir almoçar lá e beber uma jola fresca ao Moinho) e levei um deck que me foi apresentado pelo Gavin (Lesurgo para quem frequenta o MTGSalvation) que jogava no nicho do metagame abusando da fragilidade das bases de mana dos decks dominantes e combinando os efeitos da Blood Moon com Night of Soul’s Betrayal. O deck pareceu-me muito bom e achei que tinha os matchups de Zoo e Depths no papo... Não fosse o Camelo do Sr. Tiago Fonseca (Esse filho da "mãe") decidir voltar a espancar-me violentamente com o seu Depths.
Não fosse por ser um prejuízo de 120 euros (mais coisa menos coisa) tinha-lhe rasgado esses terrenos do Demo.
Não conseguia ganhar aquilo nem que me matasse todo e comecei a pensar que seria mesmo melhor ir de Depths e render-me á evidência (Como nota de rodapé queria salientar que o deck não é assim tão mau. O Amorim viu-me a jogar com aquilo e decidiu levar o deck para o PTQ o que resultou num Top
.
Numa conversa com o Tiago em relação ao metagame, chegámos á conclusão (ou melhor, ele já tinha a conclusão e fez o favor de me explicar) que Depths era realmente o melhor deck. Tinha inevitabilidade e era resistente. Com a combinação de descarte e ameaças era muito difícil ter respostas para o deck.
Rapidamente percebi que para ganhar a Depths era preciso ter armas parecidas e descarte equiparável. Para ganhar a Depths era preciso jogar o jogo do Depths e isso parecia significar que tinha que jogar de Depths (o que acabou a acontecer com o Tiago que fez final e provou que realmente Depths é o deck do formato).
Lembrei-me então de um deck de que o Tiago me tinha falado uns tempos antes. Era Thopter Combo mas sem Depths. Em vez dessa Combo, tinha espaço para mais descarte e mais respostas para o formato, apostando apenas numa das Combos.
Este foi o deck que o MadCat e o Roça levaram ao PTQ no Porto e ambos morreram na Ronda para Top8.
Falei com o MadCat e ele disse-me que o deck no Meta do MTGO não era grande coisa, mas que quando jogou com ele no Porto achou que era o melhor deck da sala e que acreditava que era uma boa aposta para o PTQ em Almada.
Decidi confiar no MadCat e no Tiago (ambos me diziam que o deck era bom) e testar alguns Matchups. Joguei contra Grixis Control e ganhei mais do que perdi (o que achei surpreendente contra um deck que tem Blood Moon e Night of Soul’s Betrayal de Base). Joguei contra Depths e achei que até era um matchup equilibrado (pelo menos aqui tinha uma hipótese de ganhar) e joguei contra o WG Haterator que espanquei violentamente. Gostei não só dos resultados mas da consistência do deck e decidi jogar disso. Alterá-mos algumas cartas (por exemplo, quando o MadCat e o Roça jogaram com o deck ainda não haviam Jaces novos) e fui jogar o PTQ. Para referência, fica a lista com que joguei:
Thopter Combo
Preto
4 Dark Confidant
4 Thoughtseize
3 Duress
3 Smother
2 Damnation
Azul
4 Muddle the Mixture
4 Thirst for Knowledge
2 Jace, the Mind Sculptor
1 Repeal
1 Echoing Truth
1 Meloku, the Clouded Mirror
Multi
3 Thopter Foundry
Artefactos
4 Chrome Mox
3 Sword of the Meek
Terrenos
4 River of Tears
3 Misty Rainforest
3 Verdant Catacombs
2 Sunken Ruins
2 Watery Grave
2 Swamp
2 Island
1 Overgrown Tomb
1 Breeding Pool
1 Academy Ruins
Sideboard
4 Tarmogoyf
3 Threads of Disloyalty
3 Extirapte
2 Deathmark
2 Darkblast
1 Naturalize
Basicamente achei q cada vez mais se constroem decks com medo da Marit-Lage e cada vez acho que rende menos jogar com essa Combo no deck. É verdade que ter o Nuts é muito bom e que um 20/20 a atacar ao 3º turno é quase jogo na maior parte das situações (especialmente precedido de um Thoughtseize), mas conhecendo a minha sorte, o PTQ podia ter 49 rondas e mesmo assim não iria sacar o Nuts uma única vez, por isso decidi que queria mesmo abdicar desta Combo e usar os slots para mais descarte e outras maneiras de matar (nomeadamente Jace e Meloku) e remoção extra. Todas estas elacções encaixavam no deck do Mad, por isso a escolha até foi fácil. Reparem que neste deck têm acesso a Damnation e a uma base de mana bem mais resistente a coisas como Blood Moon e Fulminator Mage.
De Sideboard, vem a principal diferença. O verde dá a este deck acesso a Tarmogoyf contra Zoo e a Naturalize. Aqui, ao contrário do Depths tradicional, temos uma maneira de lidar com encantamentos e com artefactos com uma só carta (ao contrário do tradicional bounce e descarte).
Só no PTQ é que percebi realmente o potencial deste deck. A maneira como comecei por aviar um senhor que decidiu jogar uma Blood Moon ao 3º turno, seguida de uma Night of Soul’s Betrayal ao 4º (isto a jogar de Living End) até a mim me surpreendeu. Ao longo do torneio senti que tinha na mão um deck muito forte (mais até do que eu esperava) e que fazia coisas que eu não pensei que fizesse (como por exemplo ganhar a Dredge).
Joguei contra 2 Living End, 3 Dredge, 1 Blood Zoo e 1 Bolas Control. Limpei os 2 Living End (se bem que num beneficiei de um erro crasso do meu oponente), ganhei 2 rondas a Dredge e empatei outra (aliás, só perdi 2 jogos para Dredge, um que consistiu numa Iona ao 2º Turno on the play, quando eu tinha Thopter ao 2º e Sword ao 3º, o que quer dizer que se estivesse eu on the play tinha hipótese; e outro onde não comprei nada de significativo e o Dredge fez o que era suposto fazer.
Ganhei facilmente ao Igor Barreiras de Blood Zoo, dado que aliado ao bom matchup que já é, o Igor não comprou nenhuma carta de hate contra mim e eu tive sempre a Combo de mão.
Contra Bolas Control, ganhei o primeiro, perdi o segundo e depois no terceiro, tirei uma NoSB da mão com um Duress, já com a Combo na mesa e o meu oponente top-deckou outra.
Acabei por ficar 5-1-1 e em 10º lugar com os mesmos pontos do 8º. É triste ficar de fora por Breakers, mas alguém tem que ficar e se bem que é chato ficar de fora com 5-1-1, gostei do deck, acho que não cometi nenhum erro que me custasse jogos (erros insignificantes, cometi montanhas já que o deck jogava tão bem sozinho que eu ás vezes até entrava em piloto automático) e acima de tudo diverti-me a jogar ronda após ronda com um deck que parecia que ninguém compreendia (vários oponentes sideboardaram cartas para lidar com o 20/20).
Em suma apeteceu-me partilhar este deck para que alguém o use no próximo PTQ. É sem dúvida (pelo menos para mim) um dos melhores decks do formato e dos poucos que tem chance de se bater de igual com Depths sem ter matchups impossíveis.
Depois de jogar com o deck alterava 3 coisas:
1) O piloto. O Tiago, com este Chevrolet, tinha dado 15 a 0 aquela gente toda.
2) Tirava um Repeal por mais um Echoing Truth. O custo de 2 é mais relevante que o draw.
3) Acrescentava mais uma Academy Ruins. Houve 2 ou 3 jogos onde senti a falta de a ter. No entanto não sei que terreno tirar..
PS: Uma mensagem para o Moto-Rato, mais conhecido pelo seu nome Cristão, Mendonça: GANDA DECK.
Luis Ribeiro
Alterado a 3/23/2010 1:58:26 PM por votan