A minha história era extensa demais (e off-topic) para o artigo do GilardiNNo (sobre erros nossos durante os jogos) pelo que pu-la à parte. Além do mais, o que começou com a intenção de contar uma história POUCO engraçada, acabou por tornar-se num violento ataque pessoal a um grupo de pessoas que nem conheço mas que provavelmente representam uma grande parte da comunidade do Magic em Portugal. Mas simplesmente estou farto de ver pessoal neste fórum a ficar chateados com tudo e com nada, e sempre à procura de uma desculpa para começar troca de insultos.
Se os moderadores acharem este tópico de mau gosto, podem-no apagar à vontade. Estou apenas a aliviar a tensão, escrevendo. (Sempre é melhor que bater em alguém.)
A história triste que vos vou contar começa assim. Estava eu de directa e ligeiramente embriagado da noitada que tinha acabado há coisa de 30 minutos. Eram 8h da manhã. No entanto, estava sem sono. Era sábado e eu tinha exame na segunda. O que há-de um homem de fazer nestas circunstâncias?
Naturalmente, olhar-se ao espelho e dizer "E por que não ir ao meu primeiro Regional?" Ah homem de coragem! Pego no meu deck verde e preto e escolho quinze cartas para o sideboard. E que belas cartas eram! Tudo comuns que era o que eu tinha lá por casa, o que o dinheiro permitia arranjar. Maindeck e sideboard nos bolsos do casaco e apre que já se faz tarde. Olhar confiante e passos inseguros, lá encaminho-me eu para a rua da Torrinha.
Inscrevo-me e entrego a minha lista de cartas. Uma maravilha de deck. Duas raras apenas no deck, que por acaso eram Verduran Enchantress. Isto num deck aggro! (Isto já não é temeridade, é mesmo loucura. Mais rogue do que isto só jogando com Ogre Babão num deck de encantamentos.)
(Um breve aparte) Naquele dia estavam 52 pessoas na arena. Para quem não conhece o local, eram 22 pessoas a mais do que seria recomendável. E estava um calor infernal. Até hoje não entendo como as cartas não entravam em combustão espontânea...
(Regressando à epopeia) Seguem-se os inevitáveis confrontos com Ghost Dad, Solar Flare e Ghost Husk. Que bela sova que eu levei. Maior lição de humildade é impossível. Depois vem um Boros. Vá lá que este já ficou 2-1. Ganhou ele, é claro. Finalmente, chegou o meu campeonato: o fundo da tabela, a luta pela manutenção. Nesta altura já se jogava na esplanada, que é como quem diz nas escadas de acesso ao prédio. Não que me queixasse. Suspeito que dado o pouco espaço, alguns lá dentro tivessem que jogar na casa de banho. Mas lá continuei a jogar contra outro Boros, mas desta vez fica 2-1 para mim. Imaginam o júbilo que senti? Isto sim, é que tem piada: ganhar! Perder não tem piada nenhuma. Por último, um rogue Rakdos. Às tantas, já no terceiro jogo, após muitas trocas de criaturas, estou com 2 Llanowar Elves e um Elves of Deep Shadow na mesa e ele já sem bichos e quase sem mão. Nisto, ele mete-me 2 Nettling Curse no Deep Shadow.
Naturalmente, viro-o para mana e apanho 2 de mana burn e ataco com os dois elfos que sobram. E foi o que eu fiz até ganhar o jogo passados três turnos. Bastava ele ter metido as curse em elfos diferentes e ganhava. E eu é que estava com os copos e de directa. No cômputo geral ganhei 2 e perdi 4 jogos. Não fiz Top8. Incrível.
Aprendi algumas coisas importantes nesse dia. A primeira é que por muito mal que jogues, há sempre alguém que joga pior, portanto nada de esmorecer. Vai à luta e procura divertir-te ao máximo.
Em segundo lugar, não gosto mesmo de Netdecks. MESMO! E não é tanto pelo facto de ser uma cópia indiscriminada e acrítica de listas de gurus internacionais. (E todos sabemos que o bom português adora tudo o que é importado.) É porque há gente sem criatividade nenhuma mas com bolsos fundos, que por essa razão apenas, consegue ganhar. E eu até sou sou um firme defensor do capitalismo. Mas o capitalismo implica a meritocracia. E esta nem sempre está presente neste nível intermédio em que nem se é noob nem pro. Além disso, não vejo nem grande mérito nem inteligência a quem pede €100 aos pais para gastar em folhas de cartão com imagens.
A terceira é que não me importo de perder desde que me divirta. Magic não é profissão; é passatempo. Uma derrota num jogo de Magic não interessa nem ao menino Jesus. O jogo é um escape dos problemas do quotidiano. Não é suposto ser uma fonte de stress!!
A quarta é que há muita gente que leva Magic sério demais, quando é apenas um jogo de cartas com desenhos de bichos feios e regras complicadas. Nesse Regional às vezes olhava para o lado e parecia-me que estava numa exame de Direito Fiscal, dadas todas as regras que tinha que saber e as caras sérias dos presentes. Até um tipo a calcular probabilidades à mão lá estava! GET A LIFE!!!
A quinta e última, e mais importante, é que Verduran Enchantress num Aggro é mesmo deprimente. Mesmo tendo combos lá pelo meio que me ganharam jogos… Mas o que se ganha é sempre menos que aquilo que se perdeu.
Mas seriamente, pessoal, Magic não é o mais importante à face desta terra. Se bem que às vezes possa parecer. Sejam razoáveis, joguem muito e deixem-se de picardias estúpidas.
Agora que já destruí toda a minha boa imagem (se é que ela alguma vez existiu), vou voltar a estudar Estatística. Não que seja tão importante como Magic, mas porque também é merecedora de uns dias da minha atenção.
Cordiais saudações,
Touro Enraivecido
Alterado a 06-07-2007 10:24:40 por Zoroastro